Notas Cinéfilas são como o nome diz, Notas. São pequenos pensamentos que me passaram rapidamente e que pretendo depois reescrever de outra forma. Aqui abordar coisas no estilo "Tudo ao mesmo tempo agora", sem me preocupar em fugir do tema e passar para outro. Pequenos fragmentos de ideias que não pensei muito ao escrever e possivelmente vou achar bobagem quando reler mais para frente
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Hoje, um amigo me pergunta: “Você já assistiu A Substância?” Respondo que sim, meio na dúvida se ele realmente gostaria do filme — afinal, ele não é lá muito cinéfilo. Mal consigo formular um pensamento e ele já despeja a história inteira, acompanhado de uma opinião pronta, dessas que envolvem palavrinhas mágicas como “cultura woke” e outras expressões inventadas por quem não tem muito saco pra pensar sozinho, mas gosta de parecer esperto e resistente a manipulações.
Aliás, quando assisto filmes com meu filho, que nunca viu o filme antes, ele não perde tempo: durante a sessão já começa a adivinhar quem vai morrer, o que vai acontecer, como se tivesse um spoiler automático embutido. E não é só ele.
Mas o problema nem é tanto ver análises depois do filme — ainda que boa parte do que rola no YouTube seja análise duvidosa, às vezes até equivocada. O que incomoda mesmo é essa mania de vasculhar tudo, teorizar e destrinchar o filme antes mesmo de assistir. Hoje em dia, os trailers já entregam praticamente tudo: querem mostrar a cereja do bolo, o plot twist, o clímax — e você, que ia assistir para se surpreender, já chega na sala sabendo quase tudo.
Eu? Sinceramente, não tenho paciência para essa overdose de informação antecipada. O tempo é curto, e perder vinte minutos vendo um sujeito falar sobre o que vai acontecer no filme, enquanto eu poderia estar assistindo de verdade? Não, obrigado. Meus amigos vivem me indicando canais “famosos” que eu deveria conhecer, mas juro que não rola. Prefiro mil vezes ver o filme sem nenhum roteiro na cabeça, sem spoilers antecipados, e tirar minhas próprias conclusões.
Lembro de uma conversa com outro amigo, numa época em que a internet ainda não era esse oceano de vídeos infinitos e trailers que entregam tudo. Ele não entendia como eu conseguia assistir a um filme por dia — ele mesmo perdia horas zapeando a TV, como se a diversão fosse justamente essa troca constante. Eu, na minha teimosia, preferia sentar e me dedicar a algo que valesse a pena, de verdade, sem precisar estar preparado para tudo que ia acontecer.
Então, voltando ao ponto: brinquei com meu amigo dizendo que ele nem precisava assistir “A Substância” porque já sabia tudo — e, infelizmente, é isso que virou o normal hoje. Já viu o trailer que conta o filme todo, já leu as teorias e as resenhas antes mesmo da estreia, já comentou nas redes sociais. O que sobra da experiência original? Pouco, senão nada. Afinal, para que se deixar surpreender, se dá pra engolir tudo mastigadinho antes mesmo de apertar o play?
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