Todos sabem como é difícil fazer Quadrinhos no Brasil. E portanto é louvável quando além de conseguir o projeto seja ousado como essa curiosa biografia do hoje conhecido Bill Finger. Quem gostou
da biografia em quadrinhos sobre o Joe Shuster vai gostar dessa apesar da comparação ser apenas pela
temática dos retratados.
Tem
alguns poréns mas o saldo final é promissor. A historia de Bill Finger
como todos sabem é revoltante e parece unanimidade o caráter de Bob Kane
(cuja biografia do Joe Shuster também faz questão de frisar).
Mas parem quem caiu aqui de paraquedas, Bill Finger foi co-criador do Batman, mas durante toda sua vida e até a pouco tempo atrás somente Bob Kane era reconhecido, embora todos soubessem da farsa.
Embaixo
vou enumerar algumas criticas, porém isso é apenas algumas observações,
como dito anteriormente, gostei do resultado, a edição vale a pena
(embora não saiba qual o preço final).
A
distribuição dos textos as vezes soa desorganizada (pg 58 e 59), em
alguns momentos as fontes variam (pg 42) e como boa parte das biografias
curtas, tem a tentação de citar um grande numero de informações e
desvia do foco como quando perde muitas paginas falando da segunda
guerra (a menção a Enigma torna se irrelevante até para o Charada) ,
paginas que poderiam aprofundar mais no biografado.
Acredito por não ter
acesso aos familiares e pessoas envolvidas o trabalho de pesquisa tenha
se limitado a outras obras e algumas reportagens.
Deve
ser difícil fazer uma biografia de um estrangeiro no Brasil (se ainda
fosse de um com farto material) mas poderia ter aprofundado um pouco
mais na relação Bob Kane / Bill Finger, que só é mais desenvolvida por
volta da pagina 100 ou na Vida pessoal de Finger. Em uma inversão o que
deveria ser pano de fundo contextual (a segunda guerra) torna-se
protagonista, deixando o Biografado em segundo plano.
Senti falta de um melhor tratamento com os personagens, A esposa Portia mal é apresentada e tem seu potencial dramático diminuído, assim como a de Lynn. Ao
mesmo tempo temos numa cena muda (pg 102) sabemos seu descontentamento,
um bom recurso quadrinistico sem recorrer a diálogos expositivos. Ponto
Positivo, afinal HQ é isso.
A
HQ ganha outros pontos com as discretas participações especiais como
diversos personagens infantis. Por outro lado nomeia alguns como Edward
Murrow quando apenas seu bordão já seria necessário.
O
roteiro também tem solução simplista para alguns detalhes como a
escolha do nome Gothan City (“precisamos de algo Gótico”) mas isso é comum em obras desse tipo, tanto nos quadrinhos como no Cinema. Também apresenta
alguns personagens como Will Eisner para depois reaparecerem na trama
como se fosse a primeira vez (o mesmo acontece com o Lanterna Verde)
No mais, uma edição bem interessante e com bom potencial. Tomara que chame atenção lá fora, onde o mercado é mais estabelecido.
A Edição tem um bom formato, menor que o usual e com bom acabamento gráfico, e felizmente sem frescura desnecessárias como capa dura.
