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terça-feira, 20 de outubro de 2009

Quando o Rock era a Estrela

Foi na década de 80 que as gravadoras brasileiras finalmente perceberam que o Rock, este estranho objeto de rebeldia pode ser muito bem capitalizado e se desvincular com a imagem da Jovem Guarda e ter novamente um lugar ao sol. Depois do sucesso do RPM e das bem sucedidas vendas da Blitz, Lulu Santos e da já veterana Rita Lee a segunda metade da década foi tomada pelo pop-rock que já ensaiava sua revolução alguns anos antes. Muita porcaria (a maioria) invadiu as rádios , mas alguma coisa boa se salvaria no meio, como os até hoje conhecidos IRA! , Ultraje à Rigor, Titãs, Engenheiros do Hawaii, Legião Urbana, Lobão e até preciosidades menos conhecidas (e em alguns casos até melhores) como Zero, Hojerizah, Replicantes, Cascavelletes, De Falla, Picassos Falsos e muitos outros.

E o cinema também não podia deixar de capitalizar em cima dessa onda. Lael Rodrigues dirigiu dois “clássicos” desta época. O primeiro deles, o mais famoso é “Bete Balanço” de 1984. Roteiro que é bom nada, mas o filme é um delírio para os saudosistas. A história é aquele clichê de sempre, digno dos melhores filmes da Xuxa e da Carla Perez: Garota ingênua do interior vem para o Rio tentar sua carreira como cantora. Como o filme foi feito para adolescentes dos anos 80 o que não falta é sexo. Débora Bloch, a personagem principal transa tanto com Lauro Corona (lembra ?) e com a Maria Zilda. O elenco trás ainda Diogo Vilela, Hugo Carvana, Duse Nacarati, Arthur Muhlenberg e a verdadeira razão de ser desse texto, o rock nacional, aqui representados por (claro) Barão Vermelho (Na época com Cazuza), Lobão e os Ronaldos, Titãs, Brylho, Manhas e Manias (!) , Metralhatxeka (!!). Quem viveu essa época tem motivo de sobra para cultuar esse filme e quem sabe pensar duas vezes quando falar mal de algumas produções mais recentes.

O outro grande momento de Lael Rodrigues nos anos 80 foi “Rock Estrela” de 1985, novamente com Diogo Vilela (que roubava a cena no filme anterior) e com , Andréa Beltrão, Adriana Riemer, Gulherme Karam , Vera Mossa (!!!) e Leo Jaime e a estréia de Malu Mader nos cinemas. Conta a história de Rock , um rapaz do interior (já ouvi isso antes), estudante de música clássica que vai até o Rio morar com o primo, interpretado pelo roqueiro e orkuteiro Léo Jaime. Lá ele fica balançado entre a namoradinha de infância Malu Mader (incorporando vários esteriotípos da década) e a jogadora de Volei Vera.
É mais um caso de curiosidade do que de qualidade. Mas o desfile de bandas como Metrô, RPM, Tokio, o próprio Leo Jaíme garante uma olhada. E prá quem só conheceu do roqueiro Argentino Fito Paez no acústico do Titãs aqui terá uma boa surpresa. E não é só isso , tem também Celso Blues Boy, Os Melhores, La Torre , Vírus e É o Tcham (não, não é).
Ainda no final do século passado revendo uma fita do Rock in Rio II, de 1991, me surpreendi com as roupas que o público usava. Não me lembrava que a década de 80 perdurou até o começo de 92 mais ou menos. É das coisa que só conseguimos enxergar dado um tempo. Só com a chegada do Nirvana é que parece que a década mudou. Só não consigo ainda enxergar onde começa o novo século, já que a onda do momento é uma crise nostálgica sem tamanho da década de 80 que a mídia não se cansa de explorar. Mas tudo bem, em 2020 vamos poder relembrar desse começo de século, já que na década de 10 com certeza serão os anos 90 que estarão em voga.
Somos felizes e não sabemos.

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