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segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Fabien Toulmé - Entrevista




 
 Entrevista completa completa com Fabien Toulmé, que saiu no UniversoHq sem a edição e com algumas perguntas relacionadas a musica e cinema (no Universo ficou mais voltado aos quadrinhos)


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Fabien Toulmé, é um quadrinista frances, que vem fazendo muito sucesso no Brasil.

Nascido há 40 atrás em Orleães, uma cidade que fica próxima de Paris, na França, Fabien morou no Brasil, onde fez um intercambio no final de seus Estudos e onde se estabeleceu por 4 anos,  chegando a abrir um Escritório de Engenharia em Fortaleza.

O Quadrinhista está lançando por aqui o seu terceiro album. pela Editora Nemo, "A Odisséia de Hakim, Vol 1 - Da Síria à Turquia", o primeiro de uma Trilogia sobre o  jovem Hakim, que devido a situação de seu País se viu como um imigrante lutando pela sobrevivência em diferentes países.

Com a palavra, Fabien Toulmé...


GUSTAVO BASSO: Qual sua primeira lembranca relacionada aos Quadrinhos ?
 FABIEN TOULMÉ: Acho que foi quando eu era criança e eu tinha uns quadrinhos do Lucky Luke, e eu copiando o Jolly Jumper, o cavalo dele, deitado no chão da sala,  tentando copiar o estilo.
 
      O que voce gostava de ler nessa época ?
Era basicamente quadrinhos. Eu lia mais quadrinhos do que livros. Eu lia Tintim, Lucky Luke... Nós temos aqui um quadrinho chamado "Os Túnicas Azuis" (Willy Lambil e Raoul Cauvin),  não sei se foi traduzido no Brasil...

Sim, sairam algumas edições nos anos 80, não sei se antes...
Hum, o que mais ?  Um pouco de Mickey, Donald, esse tipo de quadrinho da Disney, mas  o foco era mais TinTim, Lucky Luke e Asterix.
 
E Hoje o que voce gosta de ler ? 
      Do mesmo jeito eu leio muito mais quadrinhos do que livros. Eu prefiro o que a gente chama de Graphic Novels, são livros com temática mais contemporâneas, mais sociais, vamos dizer assim. Eu gosto muito de reportagens em Quadrinhos... É esse tipo de quadrinho que eu gosto de ler 
 
      Você já deve estar cansado de ouvir essa mas como voce veio parar no Brasil ?
Foi meio que por acaso porque no ultimo ano dos meus estudos na França como engenheiro eu tinha a possibilidade de fazer um ano de intercambio numa faculdade estrangeira. As pessoas que eram bem colocadas num ranking, numa classificação da Universidade, elas tinhas muitas opções, e muitas delas iam pra Inglaterra, pros Estados Unidos, pra Australia. Eu como não era um aulo não tão bom como os outros, eu não tinha essa possibilidade de escolher o meu destino, eu fui pelo clima e pela tranquilidade dos Estudos. Como eu não era muito apaixonado pelos meus  estudos eu fui mais pelo lugar e pelo clima e foi assim que eu vi que tinha essa Faculdade na Paraiba (Universidade Federal da Paraiba). Eu não conhecia João Pessoa e nem o Brasil nessa época então fui procurar na Internet onde ficava João Pessoa, qual era o Clima, se tinha praia e tudo e eu vi que poderia ser um lugar bacana pra estudar. E realmente foi um lugar muito bacana.

O Pais era o que voce imaginava ?.
É eu não tinha ideia assim de como poderia ser. É verdade que quando a gente mora na Europa a gente vê muito o Brasil pelo lado do Rio de Janeiro, de São Paulo, assim cidades enorme, esse tipo de cidade muito grande e eu descobri um tipo de cidade que era mais rustico, vamos dizer assim na época porque evolui muito esses últimos anos, João Pessoa. Eu não esperava nada em particular, eu só achei muito bacana o que eu encontrei e me encontrei bastante nessa cidade na maneira de viver.

Como foi a integração com as pessoas
Pois bem, quando eu cheguei eu não falava nada de português, então n começo eu tive que estudar, eu fui com um dicionário e fui aprendendo assim na marra .E justamente quando você vai assim, se integrando de uma maneira “violenta” você é forçado a ir ao encontro das pessoas, senão fica sozinho. Então foi muito fácil, eu estava no meio estudantil... Eu gostei muito essa integração foi fácil.

O brasileiro e muito diferente do Frances ?
Essa questão de o brasileiro, o francês, qualquer nacionalidade é complicada porque não existe um padrão. Tem vários tipos de brasileiros, de francês. Eles não são tão diferentes. Para fazer uma caricatura do que é brasileiro ou o que é francês, o brasileiro é capaz de ser mais caloroso a principio. Mas senão não tem muita diferente.  Quer dizer, tem uma diferença. o brasileiro chega sempre atrasado e até que eu entendi esse modo de funcionar...

Quanto tempo você morou por aqui ?

No total foram 4 anos mas eu sempre volto pra passar as Férias. Ainda mantenho bastante contato com o Brasil

Como voce comecou a fazer Quadrinhos ?
Pois bem, eu comecei como eu te disse logo cedo quando criança, tentando desenhar as personagens que eu gostava de ler e aos poucos eu fui praticando. Eu deixei quando entrei na Faculdade e voltei a desenhar uns 15 anos depois, justamente no Brasil, em Fortaleza onde eu abri uma empresa de engenharia e pra mim era um trabalho muito chato e foi essa gota que me fez chegar a essa decisão de não querer ser mais um Engenheiro. Então aos poucos eu voltei a desenhar. Eu encontrei uns quadrinistas em Fortaleza, Daniel Grandão principalmente, eu integrei um pouco o curso dele pra retomar o contato com a Caneta e o Quadrinho e assim foi.

Apesar de ter demorado a sua primeira Graphic saiu somente em 2014 mas sei que foi escrevendo historias curtas para algumas revistas...
Justamente, antes de fazer esse livro (Não era você que eu esperava) eu tive que praticar, eu nunca tive estudado desenho, eu sempre fui autodidata. Depois que eu voltei a desenhar eu tive que ir praticando e aos poucos eu fui mostrando meus desenhos pras revistas, porque eu achava que eu não estava pronto para fazer um livro de primeira. Foi meio que minha faculdade de desenho essas revistas.


Imagino que nessa mesma epoca voce conciliava seu trabalho de engenheiro com o de artista... 
Então, o negocio era esse, depois que eu resolvi me tornar quadrinista eu resolvi deixar a minha empresa que eu tinha montado em Fortaleza e eu e minha família voltamos pra França. Eu encontrei um trabalho de Engenheiro mas era menos corrido, me deixando um tempo para desenhar a noite. Eu trabalhava de dia e desenhava a noite, trabalhava durante o dia, desenhava a noite.

E quando deu a virada ?
 Isso foi em 2010, que eu comecei esse ritmo, até que em 2012 eu fui pra Angoulême, um grande festival que tem na frança pra encontrar editores e mostrar o que eu fazia. E foi assim que eu encontrei um editor que gostava do meu desenho e a gente veio a conversar sobre qual viria a ser meu projeto e eu falei sobre essa historia da minha filha que tinha nascido com Sindrome de Down e que eu gostaria de contar essa historia. 
E assim foi que começou em 2012.E  Durante toda essa produção desse quadrinho eu ainda era um Engenheiro porque não era porque eu tinha assinado um contrato com um Editor que eu podia deixar meu emprego, então toda a produção de “Não era você que eu esperava” foi feita no mesmo tempo que eu era Engenheiro, ou seja no mesmo ritmo, de trabalhar de dia e desenhar a noite.

 
 
E como foi o planejamento de "Não era você quem eu esperava ?
Como foi o meu primeiro livro, eu comecei realmente de maneira muito simples e sem pensar nos detalhes, de como eu ia fazer, como seria as etapas de realização. Eu ainda trabalhava como Engenheiro então  comecei trabalhando nesse livro a noite. Eu comecei escrevendo o roteiro, depois eu fiz o storyboard, que é uma maneira muito rápida de fazer a diagramação das páginas. E foi assim, todo dia, toda noite eu ia pra minha mesa de desenho para avançar nessa história.
  

E foi difícil se expor  ?

Uma coisa que ajudou bastante é que era o meu primeiro livro e eu não tinha noção do que era ser publicado e como ia ser o retorno dos leitores. Acabou que foi muito bom, eu recebi muitas mensagens positivas do que eu tinha feito. Quando escrevi eu sabia que ia ser lido mas é difícil você representar o impacto que teria na vida das pessoas. Eu sempre comparo quando você fala no rádio ou na televisão. Você fala e não consegue enxergar o que está atrás do microfone, da Câmera. Não foi difícil justamente  por esse motivo e também porque o meu objetivo era  contar realmente  o que acontece em tal situação. Por isso eu resolvi contar tudo.

Você falou que recebeu muitas mensagens positivas. Imagino que você tenha recebido muitos retorno de pais que passaram ou passam uma experiência parecida. Apesar de ser um historia autobiografia, de ser fortemente pessoal e a principio voltada a pessoas na mesma situacao,  o Livro atingiu pessoas que acredito nunca passaram por isso, como foi o meu caso. Você recebeu retorno  destas pessoas ? 
Justamente. Como eu te disse agora, eu recebi não só feedbacks de pessoas que enfrentaram  uma situação parecida como de todo tipo de leitores que se sentiram consternados pela temática ou por que já tiveram filho e que, mesmo sem deficiências, só o fato de ter um filho você pensou na possibilidade dele nascer com deficiência. Acredito que quando se planeja ter um filho, necessariamente vai vir essa questão na mesa. Se ele tiver uma deficiência, como você irá reagir ?
Eu não sabia na época mas o forte desta historia é que ela é Universal. Com certeza isso fez com que o livro fosse bem recebido e me ajudou a crescer na carreira de Quadrinista, pois me permitiu deixar meu emprego de Engenheiro para continuar fazendo outros livros.

E como foi a reação com a Familia ? 
Foi muito boa. Tenho uma família que se comunica muito. O que eu conto não é segredo, não mudou nada.
 
Como está a Julia Hoje ? 
Ela tem 11 anos, vai pra escola. Ela está crescendo, tem personalidade própria e com as características de uma pessoa com Sindrome de Down. Ela aprende certas coisas com mais lentidão, como ler e  falar. Hoje ela fala mas pra aprender foi bem demorado. Hoje ela sabe o francês e entende muito bem o português, então ela tem também essa dupla cultura, fraco-brasileira.
 
Em "Duas Vida" a musica e muito presente. Qual a importancia da musica na sua vida ?

É importante. Como todo mundo eu gosto de escutar musica, mas não é tão importante como na vida de Baudouin. Na verdade eu quis colocar Baudouin numa situação que ele não escolheu, que ele não conseguiu escolher essa vida de arte e eu não quis colocar desenho para não deixar entender que eu poderia ser Baudouin, então eu quis encontrar outro ramo de Arte pra ser a paixão dele. Foi por isso que escolhi musica. Eu gosto de musica mas não tanto como ele. Eu escuto quando cozinho, quando faço um esporte, quando bebo umas cervejas com os amigos, mas não central na minha vida. Eu até estudei violão quando mais jovem, mas não é uma paixão que ocupa muito minha vida atua.


                                                                                                
    
           O que voce gosta de ouvir ?
Eu sou muito eclético na verdade. Eu gosto de escutar Reggae, musica brasileira, musica africana, jazz, musica clássica. Eu gosto muito do que a gente chama muito aqui na França de World Music, não sei se chama assim no Brasil. Musicas mais autênticas de outros países, como eu disse da Africa, da Ásia, da America Latina, do Brasil principalmente, que foi onde eu morei e conheço mais a musica. Acho que mais de 50% do que ouço é musica brasileira.`

 A Música Brasileira é bem ampla, que tipo ?
Como já dissem eu sou bastante eclético. Eu gosto de MPB, Bossa Nova, Samba, Forró, Coco, Baião, um pouco de tudo. Eu ouço mais musica tradicional do que moderna. Eu descobri também o Sertanejo raiz que eu gosto de escutar... enfim, eu ouço um pouco de tudo

Não conheço muito de musica francesa, só o basico como Gainsbourg, Francóise Hardy... o que você me recomenda ?

Bem, eu confesso que escuto pouca musica francesa. Um cantor que conheço desde a infância e que ainda escuto de vez em quando é Georges Brassens. Ele já faleceu e  fez bastante sucesso na década de 80. É meio que só voz e violão e tinha um contrabaixo acompanhando.
Inclusive tem um trecho de “Duas Vidas”  que vem uma musica dele (Les Oiseaux de Passage, citada também na pg 18)  num momento que Baudoin está num metrô e fica voando sobre Paris (pg 12). Só que o forte dele são as letras, então não sei se vai dar para tu entender e aproveitar toda a poesia dele.
 
Novamente voltando em "Duas Vidas" , Baudouin trabalha como advogado mas esta infeliz no trabalho. O Quanto de Voce esta em Baudoin ?
Então, a temática do quadrinho nasceu justamente por essa questão dos caminhos da vida que a gente escolhe, que eu era engenheiro, não gostava e que aos poucos , vendo que eu não ia chegar a alguém com esse tipo de  trabalho, em relação a minha felicidade pessoal eu decide ver se eu podia chegar a ser desenhista de Quadrinhos. Então é isso o que tem de mim em Baudoin é esse percurso de ir para um trabalho que a gente acha certo mas na verdade estamos nos enganando, estamos fazendo por outras razão de querer fazer essas coisas. A gente faz mais pelas questões financeiras, principalmente, talvez um pouco do prestigio social, então existe isso de mim em Baudoin. Por outro lado eu acho que tem muito de mim no irmão Luc, eu gosto muito de viajar, que gosta da vida, que gosta muito de sair, de farrear, então eu sou muito dos dois.


Você começou com um trabalho autobiográfico, depois partiu para uma ficção e agora, em "A Odisséia de Hakim" (recem lançado no Brasil) volta a outra história real mas de  terceiros. Já tinha pensado nisso, foi algo planejado ? 
Quando eu fiz essa sequencia não foi planejado mas acredito que acabou sendo algo inconsciente,  porque eu gosto de mudar de estilo. Apesar de ser tudo Quadrinho são maneiras diferente de trabalhar. É uma coisa que eu vou procurar fazer mais pra frente, quer dizer, alternar  entre historias da vida real, seja autobiográfico ou biografia de outras pessoas com ficção. Agora depois de ter terminado os 3 volumes da Odisseia de Hakim  eu estou trabalhando numa ficção e assim que eu acabar essa ficção eu vou voltar pra reportagem


Numa das primeiras passagens do Livro Hakim diz "Muitos ocidentais imagimam que Arabes e Muçulmanos não  fazem isso mas a gente tambem gosta de Festas e de Encontrar Garotas.". O que você conhecia cultura Siria antes ?

Na verdade eu conhecia bem porque eu já viajei pra Siria antes da guerra acontecer. Eu tinha um pouco menos de vinte anos quando viajei com amigos pro Oriente Medio. Fui pro Libano, pra Siria , pra Jordania durante mais que um mês, então não era uma cultura totalmente desconhecida, eu sabia como o povo morava lá, como era a situação politica, enfim...

Fez alguma pesquisa mais aprofundada antes das Entrevistas, digo fora do campo politico ? 
Nada aprofundado. Teve essa questão da situação politica, do contexto internacional da Guerra e do funcionamento politico da Síria que eu conhecia de uma maneira muito superficial. Depois, a minha única pesquisa foi relacionada à paisagem, a aparência dos prédios, esse tipo de coisa, mas a maior ajuda era do próprio Hakim e do interprete que eu tinha para me auxiliar nas entrevistas. Ele também conhecia a Síria então os dois me davam dicas de como era tal prédio, como poderia ser um prato típico da Síria, esse tipo de coisa que eu tinha esquecido da época que eu viajei pra lá.

Você considera esse trabalho em especial como algo proximo das reportagens de Joe Sacco ?  
Eu acho que é uma comparação obvia porque ele é uma referência do ponto de vista de Reportagem. Agora, eu não diria que se aproxima, pois as reportagens de Joe Sacco são muito mais... como eu posso dizer, ele não encena muito a vida dos testemunhas que ele tem. Ele analisa muito a situação. Ele testemunha as pessoas mas não transforma as palavras delas numa historia. Eu não sei se estou sendo bem claro. Eu acho que ele analisa essas histórias num ponto de vista mais social, econômico e  politico. Já eu, vou mais pro lado humano. Eu acredito, mas eu não sou muito objetivo.  
 
Aproveito e recomento um filme muito bom chamado "Les chats persans", que apesar de Iraniano, tem a ver com essa parte cultural.
Alias, não falamos de Cinema. O que você gosta de assistir ?

Eu gosto muito de documentários, porque falam de situações reais e humanas e eu acho que tem a ver com o meu trabalho como quadrinista.
Um ótimo filme, e o ultimo que eu vi se chama “For Sama”, um documentário de uma mulher que mora em Alepo durante a guerra da Siria. É muito bom. 
Eu gosto de filme clássico, de séries. Assim como na musica eu sou muito eclético , mas procuro algo mais tradicional do que pra coisa mais produzida, como superprodução americana. Prefiro algo  mais independente por assim dizer.


Como esta a cena de Quadrinhos na Franca atualmente ?
Ela é um pouco complexa porque de um lado a produção nunca foi tão forte e a possibilidade de publicar tão fácil pelos autores mas ao mesmo tempo justamente pelo aumento da produção e da oferta de quadrinhos cada quadrinho esta sendo vendido menos então esta sendo mais difícil para cada autor viver da sua arte. Mas é verdade que se você conseguir entrar no mercado e se destacar você tem uma chance de poder viver do Quadrinho .


Quando voce morou no Brasil era dificil encontrar quadrinhos autorais, saia pouca coisa. Voce lia alguma coisa nessa epoca, procurava algo nesse sentido ?
Em Fortaleza quando eu comecei a me abrir novamente para os Quadrinhos depois de ter me fechado . É é verdade que nas Livrarias tinha pouca coisa. Basicamente era super herói que eu  nunca curti muito, nunca li super herói, era Turma da Mônica que eu nunca explorei muito e tinha alguns quadrinhos autorias, a maioria europeus traduzidos como toda essa escola que a gente chama Escola da Associação, que  é uma Editora daqui que tem Guy Deslile, Marjani Satrapi que fez “Persépolis”, David B. que fez “O Epilético”, Lewis Trondheim. Eu vi nessa produção uma nova maneira de se fazer quadrinhos que eu não conhecia. Eu conhecia mais os quadrinhos que a gente chama de clássicos,  como TinTim, Asterix, esses heróis que eu já te falei. Então eu descobri que a gente podia contar historias mais longas, com temáticas mais serias e isso favoreceu minha motivação, minha vontade de ser Quadrinista porque eu me sentia mais nesse estilo. Eu não sou um grande desenhista. Como desenhista de quadrinho clássico eu acho que eu não tinha muita chance de conseguir mas fazendo esse tipo de quadrinho com uma historia mais, como é que eu posso dizer, um pouco mais profunda eu me via fazendo mais esse tipo de quadrinho.  Talvez com um desenho não tão perfeito mas que bastasse pra contar esse tipo de historia. Então foram esses quadrinhos que me reativaram essa vontade de fazer quadrinhos.

Teve contato com algum trabalho brasileiro nessa epoca ?
Eu encontrei alguns quadrinhos autorais que eu gostei. Eu gostei muito do Flavio Colin, eu li “Estórias Gerais”, eu gostei muito do estilo. Eu descobri Fábio Moon  e Gabriel Bá , Rafael Coutinho... Eu não vou dizer que são influências mas são autores que eu curti muito o estilo e abriu mais o leque dos estilos que eu estava descobrindo nessa época.

Coheceu algum autor ?
Desses que eu citei não mas eu conheci a turma que atuava em Fortaleza na área de quadrinhos e eu citei o Daniel Brandão que na época trabalhava mais pra editoras estrangeiras, eu acho que era mais super heróis.

Falando na situação atual, com essa crise com o Covid-19. Como está sendo o isolamento social e as medidas restritivas ai na França ?
Então, nesse momento que eu estou te falando, dia 20 de maio o isolamento social acabou. Voltamos pra rua mas com cuidado, com distancia e medidas necessárias para evitar pegar o vírus.
O meu trabalho já implica você ficar em casa então nesse ponto de vista não alterou  muito o meu dia a dia. A única diferença é que a gente não podia sair e que as minhas filhas ficavam em casa comigo e então eu parava mais de trabalhar pra ficar com elas. 
 
Fora isso eu considero uma experiência a ser vivida. Eu acho assim, é incrível. Se me  tivessem dito  alguns meses antes que eu ia viver esse tipo de situação eu não teria acreditado. Eu estou contente de ter experimentado essa situação e espero que sirva pra todos nós lá pra frente.
 
Bem, já tomei bastante do seu tempo.  
Então é isso. Boa Sorte e obrigado
 

 


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