O sueco Thomas Alfredson, conhecido por “Deixa Ela Entrar”, chegava com expectativas altas ao assumir a direção deste novo “O Espião que Sabia Demais”, reforçado por um elenco sólido e promissor.
O filme é, sem dúvida, bem realizado — com direção e fotografia competentes, que recriam a atmosfera tensa da Guerra Fria com competência técnica. Porém, apesar do cuidado, a obra acaba soando datada. Com o fim da Guerra Fria e uma infinidade de produções do gênero desde então, a trama perdeu muito do impacto original que teve, especialmente se comparada à minissérie da BBC de 1979, que, pela qualidade e relevância, ganhou uma continuação em 1982 — ambos ainda disponíveis em DVD.
Gary Oldman, ator conhecido por performances intensas e por vezes excessivas, surpreende aqui pela contenção quase extrema. Sua interpretação fria e calculista, próxima da versão clássica de Alec Guinness, distancia o espectador das personagens, que, em geral, parecem difíceis de se importar.
Dentro do mar de produções medíocres do cinema recente — especialmente na safra de 2011 — este filme até se destaca. No entanto, não traz nada de realmente novo ou surpreendente, e a narrativa, já muito explorada por diversos filmes dos anos 70 e 80, soa óbvia.
Para o público mais jovem, com menos referências ao material original, a experiência pode ser mais proveitosa. De qualquer forma, “O Espião que Sabia Demais” é um filme que merece ser visto, ainda que sem grandes expectativas de inovação.