O que esperar de uma banda com mais de 25 anos de estrada ? Dificilmente um grupo consegue se reiventar depois de tantos anos. No caso, o IRA ! possui todos os ingredientes para desafiar o senso comum. Além de uma carreira integra, os álbuns solos de seus compositores são inventivos, cheios de ousadias e ao contrário da maioria dos albuns solos de integrantes de outras bandas , não soam exatamente iguais aos da referida banda de origem. E além de tudo, um baterista que imprime personalidade (é impossível não reconhecer aquela batida, algo que só a Relespública vi fazer igual por essas bandas)
O IRA ! já trilhou por outros caminhos. Ainda nos terríveis anos 80, quando Nasi se aventurou como produtor de Rap, o IRA ! já passeava com o ritmo em seus trabalhos. Na época do ostracismo pela mídia, durante os anos 90, o IRA ! gravou talvez o seu mais ousado disco, o ótimo e com título provocativo "Você não sabe quem eu sou", sujo e eletrônico, quase que um álbum solo de Scandurra. Não seria o caso de dizer que trouxeram Jupiter Maçã para o grande público, porque na época, grande público era sinal de nostalgia para o IRA !. E abaixo a nostalgia !!!!
O IRA !manteve sua integridade ainda em projetos "pulga na orelha" como os malfadados acústicos MTV e os discos de cover. Neste caso, o fantástico "Isso é amor" faz juz ao título e não parece em momento algum (nem mesmo ao regravar Legião Urbana, alias numa musica bem IRA !) com o da mesma época "as 10 mais", dos Titãs, que nem merecia citação por aqui, qto mais comentários.
O que nos vem ao ponto do novo "Invisível DJ", lançado também em DVD com uma apresentação ao vivo , sem publico do novo trabalho e alguns extras como o clipe de "Eu vou tentar" dirigido pelo Selton Mello.
O disco já começa com tudo, nos riffs de guitarra de Scandurra, o baixo galopante de Gaspa e a bateria crescente de Jung. "Invisível Dj" , a música, pode ser colocada sem constrangimento no meio de qualquer coletânea com os melhores momentos da banda (ainda que eu não acredite muito em coletâneas, mas não vem ao caso). Punjente e emocionante, a música é daquelas que ficam na cabeça. E a guitarra de Scandurra tem muita culpa nisso.
O resto do disco , mesmo não chegando a empolgar, resiste bem a audição (boa parte pelo vocal cheio de paixão de Nasi, um diferencial do IRA ! para outras bandas - O carisma do mesmo no DVD ao vivo do mesmo disco também é essencial para a boa forma do grupo, constrastando com o estilo blasé de Scandurra) e mesmo não trazendo as ousadias que se esperam, levando em conta o histórico de seus integrantes, pelo menos não constrange e trazem o bom e velho rock'n'roll em faixas como "A Saga", com letra escrita pelo constante parceiro Arnaldo Antunes. Arnaldo consegue colocar sobre os riffs de Scandurra todo o Universo urbano do grupo . Versos como "Praça da Sé, cabeça em pé de olhar pra lua. Na São João vai dando chão, derrubar a rua. Tomando chuva, tomando sol, tomando uma porrada. Não tem lugar, qualquer lugar é a sua casa" traz um resumo dos dois universos (o passeio pela São Paulo do IRA ! e o jogo de palavras típicos de Arnaldo). E ao chegar aos 2:30 da canção estamos enrolando a língua junto com Edgard ainda na primeira audição.
E como de prache nos trabalhos do IRA ! temos a regravação de um trabalho solo do Scandurra, agora na voz do Nasi ,assim como "Tantas Nuvens" e "Abraços e Brigas. "Culto de Amor" assim como a última, também está no primeiro trabalho solo do guitarrista (ou multinstrumentista como é o caso). Mesmo não sendo das mais empolgantes, pelo menos resgata uma bela pareceria de Edgard com a Taciana Barros (tambem co-autora de Abraços e brigas) e das belas frases !A verdade vem no seu beijo / você nas minhas mãos, eu juro que não tenho medo". É uma das mais belas letras escritas por Scandurra, e isso não é pouco.
Vale a pena destacar ainda a regravação de "feito gente" do Walter Franco em versão Hard-Rock, a bem-humorada "Mariana foi pro mar" e a interessante "la luna Llena", composição em espanhol (herança da fase flamenca do Scandurra ?) e a rocker "não basta o perdão" que remete a trabalhos anteriores do grupo.
De resto baladas bem acabadas , com destaque ao teclado sem-vergona e o clima Beach Boys nos vocais de Scandurra em "eu vou tentar" (com letra bem fraca , por sinal, mas que deve tocar bem, afinal tem apelo pop). Pena que as referências se percam para a geração MTV, e como dito anteriormente não empolgam, mas pelo menos tem um saklto final compensador.
Alias, uma das desvantagens do CD (e consequentemente do futuro da musica via Mp3 ou similares), é a sua excessiva duração (Os Titãs que o digam) , mas isso é assunto para outra hora. E também faltou falar sobre o lado político dividindo a cena com o romântico, ma deixa pra lá.
Que seja eterno enquanto Dure.
Faixas
1. Invisível DJ
2. Sem Saber pra Onde Ir
3. Eu Vou Tentar
4. Mariana Foi pro Mar
5. Não Basta o Perdão
6. Culto de Amor
7. Feito Gente
8. Tudo de Mim
9. No Universo dos Seus Olhos
10. A Saga
11. O Candidato
12. La Luna Llena
E Se você quiser dar uma conferida.
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