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sábado, 4 de junho de 2022

Scott McCaughey & Peter Buck

           Por Gustavo Basso           


                          Fazer uma busca rápida pelos nomes Scott McCaughey e Peter Buck pode render muitas informações. Mas, curiosamente, quase nenhuma fonte reúne de forma clara e organizada os inúmeros projetos e colaborações que envolvem esses dois músicos tão prolíficos — especialmente quando falamos em português.

Foi essa ausência que me motivou a escrever sobre os dois. O foco principal aqui será Scott McCaughey, talvez o menos conhecido da dupla, mas com uma carreira tão extensa quanto. Ainda assim, é impossível falar de McCaughey sem esbarrar constantemente em Peter Buck. Para os mais desavisados, Buck é o guitarrista do R.E.M., banda que dispensa maiores apresentações — mas vale o lembrete.

Este artigo não tem a pretensão de esgotar tudo que ambos produziram. A discografia paralela de McCaughey e Buck é vasta, cheia de ramificações, colaborações, bandas satélites e projetos que surgem, somem e às vezes ressurgem anos depois. Há participações pontuais que ainda descubro ocasionalmente, então o foco aqui será nos projetos mais consistentes e representativos da carreira de ambos. Deixarei de lado, ao menos por ora, as aparições esporádicas — a não ser, claro, aquelas com alguma peculiaridade curiosa.

Sem mais delongas, vamos ao que interessa: desbravar o universo de dois músicos que ajudaram a moldar uma parte importante da música alternativa norte-americana — muitas vezes longe dos holofotes, mas sempre perto daquilo que realmente importa: boas canções, integridade artística e colaborações que cruzam gerações e estilos.


 YOUNG FRESH FELLOWS                         

Scott McCaughey é daqueles nomes que talvez não causem alvoroço imediato fora dos círculos mais atentos da música alternativa, mas basta uma breve imersão para perceber o quão presente — e influente — ele foi (e continua sendo) em várias frentes do rock americano.

Sua trajetória começou nos anos 1980 com o Young Fresh Fellows, banda formada em Seattle em 1985, bem antes da cidade ser carimbada como capital mundial do grunge. O grupo, com sonoridade que passeava entre o punk despretensioso e o power pop energético, antecipava muito do espírito do rock alternativo que viria a dominar a década seguinte.

Em 1987, o Young Fresh Fellows emplacou “Amy Grant”, do álbum The Man Who Loved Music, um hit nos circuitos universitários e até hoje considerada a faixa mais popular da banda — uma daquelas músicas que você talvez já tenha ouvido sem saber de onde veio. Mesmo longe do mainstream, o grupo manteve uma base fiel de fãs e uma discografia coerente. O mais recente álbum, Toxic Youth, foi lançado em 2020, provando que, mesmo discretos, os Fellows seguem firmes.

Para quem é fã do grunge noventista que brotou em Seattle, vale a pena revisitar o som do Young Fresh Fellows — um proto-grunge mais irônico, bem-humorado e, arrisco dizer, mais leve do que seus herdeiros diretos. Para quem não é fã… bom, ainda assim vale ouvir. Até porque estar errado nunca impediu ninguém de gostar de boa música.

                             Discografia 

 THE MINUS 5                

               Se o Young Fresh Fellows foi o ponto de partida, o Minus 5 é, sem dúvida, o grande projeto da vida adulta (e madura) de Scott McCaughey. A banda surgiu em 1993, em Seattle — porque, aparentemente, naquela época tudo de relevante surgia em Seattle. A formação inicial contava com ninguém menos que Peter Buck, o guitarrista do R.E.M., que havia acabado de se mudar para a cidade, além de Jon Auer e Ken Stringfellow do cultuado The Posies. Ou seja, já começou com um elenco de respeito.

Desde então, o Minus 5 virou uma espécie de coletivo mutante, com formação rotativa e espírito colaborativo — o tipo de banda em que você entra para um ensaio e sai com um disco pronto. Apesar das mudanças frequentes de integrantes, dois nomes são presença certa em praticamente todos os álbuns: Scott McCaughey, claro, e seu inseparável parceiro Peter Buck. Nos últimos anos, outro nome de peso tem se juntado ao grupo: Jeff Tweedy, do Wilco. Aliás, a parceria entre ambos rendeu o excelente Down with Wilco (2003), um disco que, felizmente, ainda é encontrado com certa facilidade em lojas por aqui — o que, convenhamos, é um pequeno milagre para o padrão das obscuridades alternativas.

Outro colaborador de luxo que merece destaque é Barrett Martin, baterista do Screaming Trees e que também teve passagem como músico convidado no R.E.M., após a saída de Bill Berry. Barrett, inclusive, participou da banda de Nando Reis, numa daquelas conexões improváveis, mas maravilhosas, que só a música proporciona. E sim, Peter Buck também deu uma palhinha nessa fase brasileira (mais sobre isso logo abaixo).

Ah, e para os arqueólogos de discografias alternativas: em 1989, Scott lançou um álbum solo chamado My Chartreuse Opinion. O disco foi relançado em 1995 como se fosse um trabalho do Minus 5. Confuso? Um pouco. Mas no universo McCaughey–Buck, identidade de banda é mais fluida do que rótulo de vinho artesanal. E, francamente, é isso que o torna tão interessante.

                          Discografia   

 R.E.M.

      

Em 1994, o R.E.M. lançava Monster, talvez o disco mais barulhento — e distorcido — da carreira da banda. Foi também quando Scott McCaughey entrou pela porta da frente, inicialmente como músico de apoio na turnê daquele álbum. E nunca mais saiu. Ou melhor: tecnicamente nunca entrou oficialmente, mas esteve presente em absolutamente tudo dali pra frente — shows, gravações, entrevistas, jantares, bastidores, você escolhe.

De New Adventures in Hi-Fi (1996) até o derradeiro Collapse Into Now (2011), Scott foi parte integrante da sonoridade do R.E.M., mesmo que seu nome estivesse sempre um pouco abaixo da dobra do encarte. Sua versatilidade como multi-instrumentista, compositor e, principalmente, agregador de ideias, fez com que ele se tornasse uma espécie de “quinto Beatle” da banda — versão Athens, Geórgia.

Para quem teve o privilégio de assistir ao R.E.M. ao vivo no Brasil — seja no Rock in Rio de 2001 ou nas outras passagens pelo país —, viu McCaughey no palco, mesmo que sem grandes holofotes. Lá estava ele, entre guitarras, teclados e sorrisos tímidos, dando liga à engrenagem sônica que sustentava Michael Stipe, Peter Buck e Mike Mills.

Quando o R.E.M. anunciou o fim em 21 de setembro de 2011 (uma data que, aliás, coincidiu com o aniversário de muita gente por aí), McCaughey deixou de ser o quinto membro de uma das bandas mais importantes do rock alternativo… e voltou a ser o primeiro de si mesmo. Mas a contribuição estava eternamente registrada — nos créditos, nas fotos de turnê e nos corações dos fãs mais atentos.    

              Scott foi convidado para participar da turnê do disco Monster (1994) do R.E.M.. Dali por diante participou ativamente de todos os discos até o fim da banda em 21 de Setembro de 2011, tornando e praticamente o quinto membro. 
 
                Quem assitiu aos shows da banda no Brasil teve a honra de ve-lo no palco.                  

     Discografia


 

  

 

 



TUATARA

       

                  Antes que alguém pergunte: Tuatara não é nome de remédio fitoterápico, nem de criptomoeda nova. É uma banda instrumental formada em 1996 por um verdadeiro dream team do rock alternativo noventista. À frente, Peter Buck (sim, ele de novo, o incansável guitarrista do R.E.M.), ao lado de Barrett Martin (Screaming Trees e colaborador do R.E.M.) na bateria e percussão, Justin Harwood (do subestimado Luna) no baixo e Skerik, dos alucinados Critters Buggin, nos saxofones. Sim, saxofones. Porque essa banda nunca teve medo de soar diferente — o que, para alguns, significa genialidade; para outros, “coisa de músico”.

Scott McCaughey entraria oficialmente no grupo apenas em 1998, no segundo álbum, Trading With the Enemy. E, como de costume, trouxe junto sua assinatura: arranjos criativos, texturas inesperadas e a capacidade de dar coesão a um som que, por vezes, parecia flertar com o jazz de vanguarda, o rock psicodélico e trilhas sonoras de filmes que nunca existiram.

O ponto alto (ou pelo menos o mais ambicioso) talvez seja Cinemathique, lançado em 2001 — um disco com onze músicos e nenhuma necessidade de explicação. É daqueles álbuns para ouvir com fone bom, luz baixa e pretensão cultural. Aliás, toda a discografia da banda merece uma visita cuidadosa. Quem se aventurar até Underworld (2014), será recompensado com participações especiais de Mike McCready, guitarrista do Pearl Jam, numa das colaborações mais discretamente épicas da década.

Tuatara é a trilha sonora de um filme alternativo que só toca na sua cabeça. E tudo bem. Nem toda boa música precisa de refrão

             

           Discografia        

Se você acha que rock alternativo e beisebol não têm nada a ver, é porque ainda não ouviu falar do The Baseball Project— um daqueles encontros improváveis que fazem todo o sentido quando você vê os envolvidos. A banda nasceu da paixão em comum por tacos e bases entre Scott McCaughey e Steve Wynn (vocalista do Dream Syndicate), e o estalo criativo veio numa festa, mais especificamente na cerimônia de indução do R.E.M. ao Rock and Roll Hall of Fame. Quem disse que eventos de gala não servem pra nada?

Junto com a dupla, Peter Buck (novamente ele, incansável) e Mike Mills, o outro pilar criativo do R.E.M., completam a formação — ou seja, metade da banda que ajudou a definir o rock alternativo americano dos anos 90 agora canta sobre arremessadores e rebatidas. Na bateria, entra a talentosa Linda Pitmon, parceira musical e de vida de Steve Wynn, que também aparece em outros projetos (aguarde mais uma menção no Filthy Friends e no disco de Peter com Luke Haines, sim, esse povo não para nunca).

Com três discos lançados (e o quarto em processo de gravação enquanto estas linhas são escritas), o repertório gira todo em torno do universo do beisebol: jogadores lendários, partidas históricas, derrotas sofridas, reviravoltas e até mascotes estranhos. Pode parecer nichado, mas acredite: mesmo quem nunca segurou uma bola de beisebol na vida consegue se encantar com a mistura de histórias bem contadas, guitarras envolventes e melodias que grudam.

No YouTube é fácil encontrar registros da banda ao vivo, incluindo um show completo e muito bem gravado na KEXP, emissora de Seattle que tem sido uma espécie de “arquivo oficial do indie norte-americano” dos últimos anos.

Se o R.E.M. era a trilha sonora da sua juventude, o Baseball Project pode ser o som perfeito para aquela fase da vida em que a gente aprende a apreciar tanto um solo de guitarra bem colocado quanto uma jogada de três bases.

                  Discografia      


        

im, eles começaram com um nome ruim: Super Earth. E, como se esperava de um grupo que reúne músicos acostumados com multidões e multidões de processos jurídicos, logo descobriram que outra banda já usava o nome. Resultado: mudança de nome e atitude — nasceu o Filthy Friends, talvez o mais camaleônico dos projetos paralelos de Scott McCaughey (não diga que você está surpreso com a presença dele). E claro, com a companhia inseparável de Peter Buck, que provavelmente já tem a guitarra plugada em definitivo na alma do Scott


O projeto começou com a proposta de homenagear David Bowie — uma série de shows intensos e carregados de glitter e reverência — mas logo deslanchou como banda autoral com o lançamento do primeiro disco, Invitation (2017). E que banda. Corin Tucker, vocalista do icônico Sleater-Kinney, assume os vocais com a força de quem já gritou muito contra o mundo e ainda tem fôlego para mais. No baixo, Krist Novoselic (sim, aquele do Nirvana), e na bateria o versátil Bill Rieflin (Ministry, R.E.M., Nine Inch Nails... o currículo dele parece um pôster de festival).

Ah, e Kurt Bloch, dos Young Fresh Fellows, completa o time — uma formação que poderia facilmente ser confundida com uma escalação de Hall da Fama alternativa dos anos 90. Claro, como quase toda superbanda indie, as coisas mudaram de formação antes mesmo de esquentar no palco: Novoselic e Rieflin deixaram o grupo logo após o lançamento de Invitation. McCaughey assumiu o baixo (porque se há algo que ele não toque, ainda não foi inventado), e Rieflin foi substituído por — adivinhe — Linda Pitmon, onipresente na cena alternativa dos projetos do Peter Buck, e também baterista no The Baseball Project e no disco colaborativo de Buck com Luke Haines.

Em 2019, a formação “estável” lançou o segundo (e até agora último) disco, Emerald Valley, que mergulha em temas ambientais e sociais — uma mistura de glam político com riffs vintage que só mesmo um grupo desses conseguiria tornar natural. Porque se tem algo que os Filthy Friends não têm é pudor de parecer engajados, barulhentos ou nostálgicos.

Como diz o ditado: se o R.E.M. era para ouvir pensando, o Filthy Friends é pra ouvir protestando — com estilo, é claro.

                Discografia
          

 

 

 

THE NO ONES

                Se você imaginar uma banda formada por dois veteranos do indie americano e dois noruegueses apaixonados por jangle pop, talvez pense que saiu de um conto de fadas escandinavo com trilha dos Byrds. E você não estaria tão errado.

Arne Mathisen e Frode Strømstad, da excelente (e subestimada) banda norueguesa I Was a King, conheceram Scott McCaughey e Peter Buck em 2015, durante o “Ice Station Vadsø Festival” — sim, o nome é real e o lugar também: uma cidadezinha bem ao norte da Noruega, onde o verão dura três dias e o pôr do sol é praticamente opcional.

Ali mesmo nasceu a amizade e a ideia de um pequeno EP colaborativo. Mas, como sabemos, projetos com Scott e Peter tendem a ganhar vida própria — o que era pra ser um punhado de canções virou logo um álbum completo: The Great Lost No Ones Album. Gravado em 2017, o disco, no entanto, ficou preso no limbo por um motivo sério: Scott McCaughey sofreu um AVC pouco depois das gravações, e sua recuperação foi longa, delicada e comovente (e também muito apoiada pela comunidade musical, que fez uma série de shows-beneficentes em sua homenagem).

           O   título, quase premonitório, acabou se tornando ainda mais simbólico: The Great Lost No Ones Album — o grande álbum perdido dos "ninguéns". Lançado apenas em 2020, o disco é uma pérola pop que mistura o frescor escandinavo da I Was a King com o calor nostálgico das guitarras de Buck e os arranjos de Scott, sempre equilibrando o classicismo e a simplicidade.

Não é exagero dizer que este é um dos melhores discos que ninguém ouviu. Mas também, quem disse que música boa precisa ser apressada? Às vezes, como nas amizades improváveis, o melhor som nasce no frio e demora um pouco pra chegar até os nossos ouvidos. Ainda bem que chegou.

            Discografia

  • The Great Lost No Ones Album (2020)

Mais um daqueles encontros que fazem qualquer fã de música levantar a sobrancelha: além de Scott McCaughey e Peter Buck, o supergrupo Tired Pony reúne ninguém menos que Gareth Lightbody, líder do Snow Patrol, e Richard Colburn, baterista do Belle and Sebastian.

O álbum de estreia, The Place We Ran From (2010), traz ainda uma participação especial do duo She and Him, que conta com Zooey Deschanel na voz — ou seja, um verdadeiro time dos sonhos para quem curte folk e country com pitadas indie.

A origem do projeto é quase um clichê bonito: Gareth queria gravar um disco country, algo que fugisse do som habitual do Snow Patrol, e chamou os amigos para dar vida a esse desejo. O resultado é uma mistura saborosa, que passeia entre o folk melancólico e o country de alma aberta, embalado por uma aura de camaradagem musical que só grandes nomes conseguem criar.

Não espere um rock grandioso ou uma revolução sonora, mas sim um álbum confortável e honesto — perfeito para quem gosta de sentar, ouvir e deixar a música contar histórias simples, mas tocantes.

               Discografia

 

Robyn Hitchcok & The Venus Three

          
         Quando Scott McCaughey e Peter Buck se juntam, a surpresa é mais que esperada. E, para completar o time, chamam Bill Rieflin — conhecido por sua passagem pelo Ministry e pelo já citado Filthy Friends — para formar o The Venus 3, banda de apoio do excêntrico Robyn Hitchcock.

McCaughey e Buck já tinham colaborado com Hitchcock em faixas de discos anteriores, então essa parceria parecia natural. Como The Venus 3, o grupo gravou três álbuns com Hitchcock, mantendo viva aquela mistura única de folk psicodélico e rock alternativo que só o britânico consegue entregar.

Se você gosta de guitarras delicadas e letras que parecem saídas de um sonho meio louco, essa é uma combinação que merece sua atenção.

        Discografia

 SCOTT THE HOOPLE

           Em 2020, Scott McCaughey adotou o pseudônimo Scott the Hoople para lançar um disco virtualmente dedicado a ninguém menos que Neil Young. A parceria? Nada menos que Mike McCready, guitarrista do Pearl Jam, unindo forças para reinterpretar clássicos do “Velho Selvagem”.

Curiosamente, o apelido Scott the Hoople não é exatamente novidade — ele já havia aparecido em trabalhos anteriores do Minus 5, mas foi neste projeto que ganhou destaque. Para fãs de Neil Young, Pearl Jam ou simplesmente bons músicos em ação, essa colaboração é um prato cheio.

     Discografia

  •  Spain Capers (2015)
  • Neil - Vol 1 (2020)   
  • Rock'n'roll party 66 (2020)
  • Sad Box & Other Hits (2020)

  

 

ALEJANDRO ESCOVEDO

                 

                    
Alejandro Escovedo é um roqueiro americano de origem mexicana, conhecido por sua passagem pela banda punk The Nuns. Sua discografia, que mistura punk, rock e influências latinas, merece ser descoberta por quem busca algo fora do óbvio.

Em 2016, Escovedo lançou o álbum Burn Something Beautiful, gravado com músicos do Minus 5 — entre eles, claro, Scott McCaughey e Peter Buck, além de Kurt Bloch e John Moen. Todas as faixas foram co-escritas por Escovedo, McCaughey e Buck, uma colaboração que ressalta a versatilidade e a força criativa do grupo.

 Discografia

Burn Something Beautiful (2016) 


 THE WALKABOUTS 

          

                   
Formada em Seattle em 1984, a banda The Walkabouts tem um histórico sólido no cenário alternativo, mesclando folk, rock e uma certa melancolia típica do noroeste americano. Scott McCaughey e Peter Buck marcam presença em várias faixas do álbum Train Leaves at Eight, lançado em 2000 — até onde se sabe, essa é a colaboração mais notável dos dois com a banda.

Embora este seja o único trabalho dos Walkabouts que tenho em mãos, não seria surpresa encontrar outras participações dos dois músicos ao longo da discografia do grupo, dado o trânsito constante de McCaughey e Buck por diversos projetos musicais.Discografia

  • Train Leaves at Eight (2000)

  PETER BUCK

          Após o fim do R.E.M., Peter Buck lançou três álbuns solo nos quais assume os vocais, mostrando outra faceta além da guitarra icônica. A cada trabalho, músicos se revezam, mas algumas presenças são constantes — e nada menos do que estrelas do rock alternativo.

Entre os colaboradores estão Kurt Bloch (Filthy Friends, Young Fresh Fellows), William Rieflin (Filthy Friends, Robyn Hitchcock & The Venus 3, Ministry, The Minus 5), e Krist Novoselic (Nirvana), que aparece tocando baixo na faixa "Long Time Dead". Jeff Tweedy (Wilco) empresta sua voz em "World Spins Around You", ambas do álbum Warzone Earth.

Além deles, Mike Mills (R.E.M.) dá o seu toque nos vocais e baixo em "Some Kind of Velvet Sunday Morning" e "I'm Alive" — estas duas do primeiro disco solo de Buck. E claro, como já virou tradição, Scott McCaughey está presente em todos os três trabalhos, fazendo-se quase onipresente na discografia solo do guitarrista.

 

Discografia

  •   Peter Buck (2012) 
  • You Must Fight To Live On The Planet Of The Apes (Compacto) (2013)
  • Opium Drive (compacto) (2014)
  •  I am back to blow your mind once again (2014) 
  • Warzone earth (2015)      

 

 

 

 

 ARTHUR BUCK

                    Peter Buck uniu forças com o músico e compositor Joseph Arthur, conhecido pelo projeto Fistful of Mercy, para formar o duo Arthur Buck. Até o momento, lançaram um único álbum no qual ambos tocam todos os instrumentos, com exceção de um backing vocal feito pela cantora Morgan James em uma das faixas.

Por essa razão, Scott McCaughey, parceiro frequente de Buck em tantos outros projetos, não aparece neste trabalho — um raro afastamento na extensa rede de colaborações do guitarrista.

Como curiosidade, Joseph Arthur tem em sua discografia um álbum curioso de covers chamado Lou – The Songs of Lou Reed, que vale a pena conferir para quem gosta de versões intimistas e homenagens a ícones do rock.

 Discografia

  •   Arthur Buck (2018)

LUKE HAINES & PETER BUCK

                 O trabalho mais recente de Peter Buck é Beat Poetry for Survivalists, uma colaboração com o músico britânico Luke Haines. A formação da banda ainda conta com Linda Pitmon, baterista que já marcou presença em projetos como Filthy Friends e The Baseball Project, e, claro, Scott McCaughey no baixo e teclados — parceria que parece inseparável.

O álbum recebeu uma versão dub, remixada por Jacknife Lee, lançada no Record Store Day de 2022. Essa edição limitada, com apenas 500 cópias, é um verdadeiro item de colecionador para fãs.

Previsto para lançamento em 25 de julho de 2025, um novo álbum, Going Down to the River... To Blow My Mind ,conclui a "trilogia psiquiátrica", prometendo mais experimentações sonoras e letras provocativas.

 Discografia

  •   Beat Poetry for Survivalists (2021)
  •  Wild Companion (Beat Poetry For Survivalists Dubs) (2022)
  • All the Kids are Suoper Bummed Out  (2022)
  • Going Down to the River... To Blow My Mind (2025)


 NANDO REIS

             Barret Martin, conhecido baterista do Screaming Trees e também do R.E.M., teve um papel importante na carreira do músico brasileiro Nando Reis. Quando Nando foi a Seattle para gravar seu segundo álbum solo, Martin não só tocou com ele, como também assumiu a produção de trabalhos posteriores.

Essa relação abriu portas para a participação de Peter Buck, que colaborou em três discos de Nando Reis. Entre os destaques estão o bandolim em “Dessa Vez”, a guitarra de 12 cordas em “Frases Mais Azuis”, além do violão de 12 cordas em “A Letra A” e “De Mãos Dadas”. Peter também contribuiu no álbum Jardim Pomar, que contou com a participação do guitarrista do Pearl Jam, Mike McCready.

Scott McCaughey, por sua vez, marcou presença no álbum A Letra A, tocando guitarra de 12 cordas nas faixas-título e “Luz dos Olhos”, além de mandolim em “Um Simples Abraço”.

Mais recentemente, em 2022, Peter Buck participou da mini turnê comemorativa do álbum Pra Quando o Arco-Íris Encontrar o Pote de Ouro. Durante o mesmo período, ele e McCaughey estiveram envolvidos nas gravações do novo disco de Nando Reis, prometido para este ano.


 
              Discografia

  •   Para quando o Arco Iris encontrar o Pote de Ouro (2000)
  •  Jardim Pomar (2016)
  • Nando Reis (2022)
  • Uma Estrela Misteriosa (2024)

FERNANDO VICICONTE 

        Peter Buck, eterno guitarrista do R.E.M., participou como músico e compositor do álbum Leave the Radio On, do argentino radicado nos Estados Unidos Fernando Viciconte. O disco é uma ótima pedida para quem curte um som autêntico e bem trabalhado, e merece ser conferido — assim como os demais trabalhos do músico, que vêm ganhando espaço no cenário americano.

Discografia

  • Leave the Radio On (2015)

 


  Warren Zevon

              
              
Warren Zevon, roqueiro americano que despontou no fim dos anos 60, reuniu uma verdadeira constelação do R.E.M. para seu álbum Sentimental Hygiene (1987). Peter Buck, Mike Mills e Bill Berry formaram a espinha dorsal da banda de apoio, enquanto Michael Stipe emprestou sua voz em uma das faixas, "Bad Karma". Uma colaboração que marca a interseção entre talentos e gerações do rock americano.

Discografia

  •   Sentimental Hygiene (1987)

 

 

HINDU LOVE GODS

               A parceria entre Warren Zevon e os integrantes do R.E.M. começou antes do álbum Sentimental Hygiene (1987). Em meados dos anos 80, Peter Buck, Mike Mills e Bill Berry formaram um projeto paralelo chamado Hindu Love Gods, com Zevon assumindo os vocais, enquanto Michael Stipe participou ocasionalmente em alguns shows, mas não no single de 1986.

O Hindu Love Gods lançou um single que trazia o cover “Gonna Have a Good Time Tonight” do Easybeats e a inédita “Narrator”, composta por Bill Berry — uma música que o R.E.M. chegou a tocar ao vivo, mas nunca gravou oficialmente. Embora o Hindu Love Gods tivesse algumas composições inéditas, a banda se caracterizava principalmente por versões de clássicos do blues.

Durante a gravação de Sentimental Hygiene, Zevon e o grupo gravaram dez covers que só foram lançados anos depois em um álbum do Hindu Love Gods. Entre essas faixas, a versão de “Raspberry Beret”, de Prince, ganhou algum destaque em certos circuitos alternativos, reforçando a conexão curiosa entre esses músicos e estilos distintos.

Discografia

  •  Hindu Love Gods (1990)

 

  • Além dos projetos mais conhecidos, Scott McCaughey acumula créditos em uma série de outras bandas e colaborações, entre elas Dynette Set, Jimmy Silva & the Goats, The Longshots, The Fresh Mud Choir, The Lowe Beats e The New Original Sonic Sound. Infelizmente, são trabalhos pouco divulgados por aqui, e confesso que ainda não consegui mergulhar fundo nessas paradas — até porque, vamos combinar, informação boa nem sempre é tão fácil de encontrar.

    Se você tem alguma dica ou já ouviu algo interessante desses grupos, fica o convite para compartilhar!